05 janeiro - Sebastiane (1976) - Derek Jarman



A primeira vez que vi a imagem de São Sebastião foi quando criança, na casa de meu avô. Senti estranhamento e medo. O corpo seminu, o olhar cândido e as flechadas com sangue escorrendo, emoldurados e colocados na parede da sala, me perturbavam deveras...

-Quem é ele? Perguntei a minha mãe. -Um santo. Ela disse.


Não sei se existem filmes sobre São Sebastião, mas certamente ninguém conseguiria apresentar uma visão tão erotizada, alegórica e burlesca da vida do santo, quanto Derek Jarman. Na visão do diretor, São Sebastião é rebaixado de seu posto de Capitão da Guarda, após demonstrar piedade a um desafeto do Rei. Mandado para o exílio, recusa- se a participar, talvez por ser católico, das festinhas no lago com os outros seis soldados também exilados. Sebastião se apaixona por Severus, o Capitão do exílio, e passa a desenvolver com ele uma relação sado masoquista e platônica que culmina na sua morte.
O filme, feito sem muita grana, mistura a vida de Sebastião com a liberdade sexual conseguida pelos gays nos anos setenta. Jarman não poupa caras, bocas, paus e bundas nas cenas com os exilados e, fetiches a parte, consigo perceber nestas imagens aquela situação de candura, nudez e castigo que tanto me intrigava no quadro na sala de meu avô.

Sebastiane (1976)
Derek Jarman

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