Partindo da premissa de uma
representação feita por atrizes para estorias reais documentadas por ele,
Coutinho apresenta um trabalho inclassificável que dilui fronteiras entre o
cinema e o documentário, sua marca registrada. As atrizes ao dramatizarem os
textos, acabaram criando paralelos com sua própria condição de vida e estas
empatias acabaram por engendrar novas camadas aos relatos, aumentando ainda
mais a ponte entre a realidade e a ficção que permeia todo o trabalho. As
relações destas mulheres com a criação de seus filhos parece ser o pretexto
usado por Coutinho para esmiuçar e extrair a
essência dos sentimentos mais íntimos das entrevistadas. Não fosse a presença de três
grandes atrizes seria difícil achar as pistas necessárias para saber qual é o
relato verdadeiro e qual o encenado. Outra ponto importante do embaralhamento que
o documentarista propõe é o local escolhido para a filmagem, o palco de um
teatro sem plateia.
Eduardo Coutinho, brilhante e
aclamado documentarista brasileiro, faleceu ontem, em circunstâncias muito
tristes. Escolhi jogo de cena, entre tantos, como meu filme despedida.
Jogo de Cena (2007)
Eduardo Coutinho
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