Zachary é 4º entre cinco irmãos,
todos homens, da dedicada família Beaulieu. Nascido no dia de Natal, recebe por
isso os maiores presentes nesta data. A delicadeza e introspecção de Zachary
fazem com que seu pai, um fã de Charles Aznavour, comece a desconfiar de sua sexualidade,
enquanto a mãe vê nos gestos do filho, um dom especial e religioso. O pequeno Zachary
querendo agradar seu pai, recorre a orações para pedir aos céus que seja um
menino normal e tenha sempre um comportamento social adequado, como os outros
irmãos. Na adolescência, os conflitos
com o pai e com Raymond, seu irmão desajustado, só aumentam e Zachary, vivendo em
plenos anos 70, em meio ao som de Bowie e Pink Floyd, drogas e psicodelia,
ainda carrega a culpa por seu desejo latente e contrário à moral do pai.
Já adulto e sabendo que não
poderá ser quem é sem decepcionar ninguém, Zachary foge para Jerusalém onde
finalmente se encontra e percebe que, apesar da enorme distancia física, sempre fará parte
daquela família.
Entre o sagrado e o profano, Valée conduz com muito humor a
guerra entre o pai amoroso, mas desconfiado e os dois filhos desajustados (o
filme acaba mais por centrar-se nesta relação entre Zachary, seu irmão Raymond
e o pai). A cena em que Zachary adolescente da de presente pro pai o disco raro
de Patsy Cline, que havia quebrado na infância é uma das melhores deste embate.
Aliás, a excelente trilha sonora é parte importante no filme e acaba por contextualizar
e humanizar ainda mais os sentimentos dos personagens. CRAZY do título, é uma música de Patsy Cline e as inicias dos nomes de cada um dos cinco irmãos.
C.R.A.Z.Y. (2005) – Jean-Marc Vallée
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